Sua trilha sonora

(por Renata Leite)

Quem tem, no mínimo, entre 25 e 30 anos - ou nenhum dos dois, mas é curioso - deve se lembrar daquele programa comandado pelo “homem do baú”, chamado “Qual é a música?”, onde, no palco, uma gincana musical testava o conhecimento musical de artistas do sexo feminino e masculino. A maior diversão pra quem assistia – pelo menos a minha – era de tentar, junto com aqueles artistas, adivinhar justamente qual era a música. Dicas, notas musicais, palavra-chave e sílabas eram lançadas na intenção de ativar a memória musical para que, enfim, depois de muito pensar e responder, a gente ouvisse a orquestra, ao vivo, no palco, o coral e os dubladores “cantando a resposta certa” – comemorada por uns, lamentada por outros.

Tem gente que joga esse jogo todos os dias. Às vezes uma palavra, uma expressão, uma pessoa remete a uma trilha sonora especial, marcante, inesquecível. Ou o contrário: a música leva para um momento, uma imagem, ou alguém que significa (ou significou) muito na vida.

Embalado por essa reflexão, pense agora: “qual é a sua música?” Sim, a sua música. Qual música te toca, te embala, te remete a coisas boas – ou momentos difíceis, reproduz o ritmo da sua vida?

Valsa, tango, funk... samba, bossa nova, reggae... rock, funk, bolero... ritmos, melodias, compassos que nos levam a um mundo único, de sensações únicas. A música, com todas as suas propriedades, tem também o dom de revelar nosso estado de espírito.

É claro que cada um tem o seu gosto musical - como já se ouve há tempos dizer, gosto não se discute. E olhando exatamente pra esse gosto, que é só seu, você já parou pra pensar em qual estilo musical está “te embalando” neste momento da sua vida?

Já parou pra pensar que a sua vida pode estar repleta de trilhas sonoras? Nossa rotina, geralmente corrida, faz, muitas vezes, a gente não se atentar tanto para isso. Mas agora, pense: que música te faz pensar num momento muito especial? Que ritmo acompanhou você em determinada situação – numa viagem, num acontecimento importante, num encontro, numa conquista, até mesmo em uma situação não muito agradável? Que música te faz “passear pelo túnel do tempo” de sua vida?

Têm musica que fala com a gente. Letras maravilhosas, melodias penetrantes, envolventes, espirituosas, contagiantes, que nos “põem pra cima” ou acompanham nossos momentos de maior reflexão. Boas músicas têm suas histórias. Boas músicas também podem fazer a nossa história.

Experimentei o prazer de fazer a trilha sonora das minhas últimas férias. Músicas que, para mim, a partir de agora, serão especiais pelos momentos as quais elas me remeterão. Não sei quando serão as próximas... mas a experiência foi tão boa que não pensarei duas vezes em fazer isso novamente.

Sempre é tempo... descubra e desfrute do valor de saber "Qual é a sua música".

Dias Melhores

Dias melhores
(Jota Quest)

Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de paz, dias a mais
Dias que não deixaremos
Para trás

Vivemos esperando
O dia em que
Seremos melhores
Melhores no amor
Melhores na dor
Melhores em tudo

Vivemos esperando
O dia em que seremos
Para sempre
Vivemos esperando
Dias melhores prá sempre

Essa música, como muitas outras que conheço, me fazem pensar.
Não sei qual o sentimento que moveu o autor dessa música ao compô-la. No entanto, a palavra espera, repetida inúmeras vezes na letra da música, faz-me refletir profundamente sobre o forte significado da palavra espera.

Se você procurar no dicionário, vai encontrar a palavra espera também com o significado de esperança, expectativa. Porém, se procurar pelo verbo (esperar) vai ver que quer dizer não agir, não tomar decisões, permanecer imóvel diante de alguma decisão, ação ou atitude.

Já a palavra esperança, também no dicionário, é denominada como o sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja; confiança em coisa boa; aquilo ou aquele de que se espera algo, em que se deposita a expectativa; promessa.

Sendo assim, você pode esperar e ter esperança ao mesmo tempo. Mas a medida dessas duas coisas em sua vida é que vai fazer a diferença em suas realizações.

Pra quem não percebe a linha tênue que existe entre espera e esperança fica difícil saber como agir.
quem tem muita esperança e espera demais, se frustra por acreditar que depende apenas do outro (ou da vida) para que as coisas aconteçam;
quem têm pouca esperança e espera de menos, se precipita, faz tudo sem pensar nas pessoas e nas conseqüências de seus atos;
quem têm esperança de menos e espera muito, deixa de usar sua energia pessoal para fazer o que lhe cabe. Espera muito mais da vida do que de si mesmo; e, por fim,
quem têm esperança demais mas espera de menos, têm confiança demais em si mesmo, mas deixa que essa confiança o mova a fazer tudo sozinho, sem contar com a ajuda de ninguém.

Encontrar a medida certa de esperança e de espera em nossas vidas é essencial. Mas é difícil, eu sei. E o mais comum é que a gente não se atenta a isso, até que as circunstâncias nos cobrem.

Em que ponto você acredita que precisa rever sua cota de esperança, ou de espera? Ou das duas coisas? Será que você anda esperando demais? Ou esperançoso de menos?

Olhe atentamente e não sinta medo de rever isso. Você vai ver que, a partir daí, conseguirá aprender mais – e melhor – com os acontecimentos em sua vida.

Aliás, o novo ano está chegando... é nessa época que geralmente as pessoas realimentam suas esperanças (e, às vezes, revêem seu “estado de espera”). Tire um tempo pra isso - de preferência antes da queima de fogos –; e, acima de tudo, decida-se a não só esperar por dia melhores, mas também agir por dias melhores.

(Renata Leite - Primeiro Programa)