sábado, 26 de dezembro de 2009

Fanatismo


(Florbela Espanca)

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa"
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!"


(Soror Saudade, 1923)

Um comentário:

Daniel Savio disse...

Fanatismo leva a cegueira, e cegueira sempre é ruim...

Apesar da poesia ser bonita.

Fique com Deus, menina Cintia Akemi.
Um abraço.