
Eu a buscava noturno, eu que mal sabia que sua órbita reduzida em meu céu jamais caberia..."
Resolvi estudar astrologia, logo eu que acreditava que no Universo não havia – como jamais houve – a plena sabedoria.
No céu escuro, na ausência da luz elétrica, admirava ao nascer do dia a Vênus que no horizonte nascia. Eu a buscava noturno, eu que mal sabia que sua órbita reduzida em meu céu jamais caberia....
Talvez pelo Sol, ou por impiedade da Lua, a Vênus que a mim se oferecia não se mostrava como eu sempre a quis, nem naquele ou em qualquer dia.
Busquei no tempo luzes que se acendiam enquanto o resto dos humanos dormia em desprezo à mais bela e natural alegoria... Mas os astros pouco me disseram e na silente e noturna calmaria realizei enfim que através dos anos somente aprendemos quando nos entregamos à fantasia de que tudo podemos, mesmo quando não queremos que do céu nos caiam sonhos ou até mesmo a liberdade da morte tardia.
Eu, logo eu, que metido a besta fui buscar a astrologia, acabei aprendendo o bastante, que meu corpo sustenta não apenas um, mas vários outros, e que estes, por sua vez, sustentam milhares de outros, e que para tudo sempre haverá a poesia.
Se do céu provém rima e dos planetas flui algum verso ou sonoridade, sinto que à noite, mergulhado no sono, me deixo invadir por Mercúrio e o calor que daí principia, e Saturno e os anéis que o circundam tem em mim o centro único e nervoso de todo esse equilíbrio e instável alquimia.
Sou sempre Sol, mesmo quando me sinto apenas Lua...
Eu, que fui buscar respostas na astrologia, por fim aprendi que no tempo que nós humanos inventamos não há chances para saltos, nem chaves para portas desconhecidas, mas perguntas que se abrem renovadas a cada nascer de um novo dia.
(Alexandre Pelegi)
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